sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Síndrome Coronariana Aguda

Definição
Dor precordial típica com infarto do miocárdio agudo ou iminente.

Etiologia
  • Causa principal: presença nas artérias coro­narianas de placas de aterosclerose, compli­cadas por trombos, fissuras, roturas, hemor­ragias ou erosão.
  • Epidemiologia: 80% dos casos são explicados por tabagismo, diabetes, síndrome metabó­lica, dislipidemias, estresse.

Clínica
Típica: dor precordial em aperto, de grande in­tensidade que pode irradiar para membro su­perior, mandíbula, mento, epigástrio e dorso, que dura mais de 30 minutos. Concomitan­temente, pode ocorrer palidez, sudorese fria, ansiedade, náusea e vômitos.
ECG deve ser realizado em até 10 minutos.
Outras apresentações clínicas: dores digestivas e abdominais, com vômitos e retenção urinária; dores dorsais; formas silenciosas (5 a 6% dos casos, por exemplo, em diabéticos).

Diagnóstico
ECG, marcadores de necrose miocárdica.
Diagnóstico diferencial: todas as causas de do­res torácicas ou abdominais, principalmente: úlcera duodenal, pancreatite, colecistite, pneu­motórax, embolia pulmonar, pericardite, dis­secção aórtica.

Tratamento
IAM com supra de ST
Não é necessário esperar o resultado dos mar­cadores de necrose miocárdica para o trata­mento.
Tratamento clínico inicial
  • Oxigênio.
  • Ácido acetilsalicílico 200 mg VO (masti­gar).
  • Dinitrato de isossorbida: 1 cp (5 mg) SL a cada 10 minutos, no máximo 15 mg (exceto se houver hipotensão).
  • Morfina: 2 mg EV a cada 10 minutos até melhora da dor ou aparecimento de efeitos colaterais.
  • Enoxaparina: administrar 1 mg/kg de 12/12 horas.
  • Metoprolol 5 mg EV a cada 5 minutos (máx. 15 mg), seguido de manutenção oral com metoprolol 25 mg VO 6/6 horas por 2 dias. Observar as contra-indicações para uso de β-bloqueador.
  • Nitroglicerina: administrar 5 mcg/minuto (se não melhorou a dor e não há hipoten­são).
  • Terapia de reperfusão.
Terapia de reperfusão
1. IAM com supra de ST e menos de 12 horas de evolução.
  • Primeira opção: cineangiocoronariografia com intervenção coronariana percutânea primária (se estiver disponível).
  • Segunda opção: trombólise com estreptoqui­nase ou alteplase.
Estreptoquinase: 1.500.000 U diluídos em 150 ml de SG 5% por 1 hora.
Alteplase: 3 doses:
1ª – administrar 1,25 mg/kg IV (máximo 100 mg) em 1,5 hora;
2ª – administrar 0,75 mg/kg (máximo 50 mg) em 30 minutos; 3ª – administrar 0,5 mg/kg (máximo 35 mg) em 1 hora. Tão logo seja possível, o paciente deve ser internado em uma Unidade Coronariana. A terapia trombolítica pode ser feita na emer-gência, não ficando condicionada a transferência do paciente para uma unidade coronariana.
Contra-indicações absolutas à trombólise:
  • AVE hemorrágico prévio em qualquer época da vida;
  • AVE isquêmico nos últimos 12 meses;
  • neoplasia intracraniana conhecida;
  • sangramento interno ativo;
  • ressuscitação cardiopulmonar;
  • suspeita de dissecção de aorta.
Contra-indicações relativas à trombólise:
  • hipertensão arterial não controlada;
  • outras doenças intracerebrais;
  • anticoagulação antiga com varfarina;
  • uso atual de anticoagulantes;
  • trauma recente (2 a 4 semanas);
  • ressuscitação prolongada > 10 min;
  • cirurgia de grande porte < 3 semanas.
2. IAM com supra de ST e mais de 12 horas de evolução.
  • Tratamento clínico inicial (igual ao IAM com supra de ST).
  • Cineangiocoronariografia com intervenção coronariana percutânea primária (se estiver disponível).
  • Internação em Unidade Coronariana.
  • Não fazer trombólise.
 3. IAM sem supra de ST
Tratamento clínico inicial
  • Oxigênio.
  • Ácido acetilsalicílico 200 mg VO (mastigar).
  • Dinitrato de isossorbida – 1 cp (5 mg) SL a cada 10 minutos, no máximo 15 mg (exceto se houver hipotensão).
  • Morfina – 2 mg EV a cada 10 minutos até melhora da dor ou aparecimento de efeitos colaterais.
  • Enoxaparina – administrar 1 mg/kg SC 12/12 horas.
  • Metoprolol 5 mg IV a cada 5 min (máx. 15 mg), seguido de manutenção oral com me­toprolol 25 mg VO 6/6 horas por 2 dias. Observar as contra-indicações para uso de β-bloqueador.
  • Nitroglicerina – 5 mcg/min (se não melho­rou a dor e não há hipotensão).
  • TIMI Risk Score.
  • Não fazer trombólise.
Pacientes de baixo/médio risco
  • Clopidogrel 300 mg VO (ataque) e dose de manutenção de 75 mg/dia VO.
  • Internação na Unidade Coronariana.
Pacientes de alto risco
  • Clopidogrel 300 mg VO (ataque) e dose de manutenção de 75 mg/dia VO.
  • Tirofiban 0,4 mcg/kg/min EV por 30 min e manutenção com 0,1 mcg/kg/min. Se clearance de creatinina < 30 ml/min = metade da dose.
  • Cineangiocoronariografia com intervenção coronariana percutânea primária (se estiver disponível).
  • Cirurgia de revascularização miocárdica (se houver indicação pela coronariografia).
  • Internação em Unidade Coronariana.
ECG indefinido
Nos casos em que o ECG inicial é indefinido, é importante que o paciente seja reavaliado constantemente. Deve-se observar as curvas dos marcadores de necrose miocárdica, solici­tados na avaliação inicial. Neste cenário tem-se três situações:
1. Marcadores de necrose miocárdica se ele­vam. Realizar tratamento clínico para IAM sem supra de ST.
2. Marcadores de necrose permanecem nor­mais. Se após as reavaliações o paciente per­manece com ECG normal ou inespecífico e não há elevação dos marcadores de necrose miocárdica, o paciente deve ser submetido a testes provocativos com ecocardiografia com estresse ou cintilografia miocárdica antes da alta.
3. Outro diagnóstico: se durante as reavalia­ções for confirmado outro diagnóstico que explique a dor torácica do paciente (dissec­ção aórtica etc) deve-se acionar a equipe responsável pelos cuidados específicos desta doença.

Nenhum comentário:

Postar um comentário